Adolescente de 16 anos morre uma semana após cesariana em hospital no RS; polícia investiga suposta negligência

  • 04/06/2025
(Foto: Reprodução)
Família alega que adolescente não teria recebido o devido atendimento, teria demorado a ar por exames e sido submetida a procedimentos não autorizados. Kauany Ventura de Vargas, 16 anos, morreu uma semana após parto em hospital de Sapiranga Arquivo pessoal A Polícia Civil investiga a morte de uma adolescente de 16 anos uma semana após dar a luz no Hospital Sapiranga, na Região Metropolitana de Porto Alegre. A família de Kauany Ventura de Vargas suspeita que ela tenha morrido por negligência médica. Além disso, documentos atestam que ela teria ado por procedimentos não autorizados pela família, o que o hospital nega. Entenda abaixo. 📲 e o canal do g1 RS no WhatsApp Conforme o atestado de óbito, a morte aconteceu em 17 de maio por choque séptico, insuficiência respiratória aguda, septicemia abdominal e infecção uterina. Ela havia dado a luz no dia 2 de maio. Cinco dias depois, a família conta que ela procurou atendimento porque estava sentindo dor, mas foi orientada a ir para casa e voltar em dois dias, porque o médico responsável pelo parto não estava presente. Quando voltou ao hospital, foi internada. "Kauany retornou na sexta (9) com a cesárea aberta e com muita febre", disse a advogada da família, Diânifer Soares. Entre 10 e 11 de maio, Kauany ou por exames, no dia 12 ou por cirurgia e, então, dia 17, morreu. O bebê a bem. "Acreditamos que ela teria desencadeado uma grave infecção, a qual não teve o tratamento adequado, tendo em vista que o médico responsável não teria pedido exames quando da internação de Kauany. Foram realizado exames apenas na madrugada de sábado para domingo", diz a advogada. Ao g1, o Hospital de Sapiranga esclareceu que Kauany recebeu alta hospitalar em 3 de maio e retornou à unidade no dia 7 com um quadro de "seroma – acúmulo de líquido comum no pós-operatório". "Ela foi atendida no plantão da obstetrícia, onde o profissional de plantão avaliou a situação e não identificou sinais infecciosos, apenas inflamatórios, indicando, portanto, tratamento com anti-inflamatório e curativos duas vezes ao dia. Este atendimento ocorreu antes da necessidade de uma nova internação. O relato técnico sugere que, naquele momento, a conduta adotada foi compatível com o quadro clínico apresentado", informa o hospital, em nota. O Hospital de Sapiranga lamentou a morte de Kauany, prestou solidariedade à família e disse que "vem fazendo tudo que está ao seu alcance para esclarecer cada ponto, sendo que desde o início mantém uma postura ativa de escuta, cuidado e empatia com os familiares, prestando todo apoio emocional e psicológico" (leia a nota, na íntegra, no final da reportagem). Investigação policial O delegado Clóvis Nei da Silva, responsável pela investigação policial, disse que um familiar da vítima registrou o boletim de ocorrência e que "há um inquérito em andamento para apurar o fato". "[Queremos] verificar se houve negligência médica durante o período de tratamento. Será colhida prova testemunhal e documental. O inquérito é para investigar os fatos e suas circunstâncias. Serão ouvidas testemunhas de interesse à investigação", disse. Hospital de Sapiranga Divulgação Procedimento não autorizado e exumação do corpo Familiares de Kauany receberam do próprio Hospital Sapiranga um documento que atesta que ela teria ado por uma laqueadura, procedimento que não foi autorizado por eles. Já o Hospital de Sapiranga alega que o procedimento não ocorreu e que houve um erro na redação do documento. "A respeito da inconsistência na documentação médica que apontava indevidamente a realização de um procedimento de esterilização (ligadura tubária) sem consentimento, garante que isso não ocorreu, decorrendo o nome incorreto do procedimento de equívoco provocado, possivelmente, por uma seleção automática indevida nos campos de texto pré-formatado disponíveis no sistema eletrônico", informou, em nota, o hospital, pedindo desculpas à família e garantindo revisar protocolos de atuação. Apesar disso, a família tem dúvidas e solicitou à Justiça a exumação do corpo para confirmar o que de fato foi feito. A autorização ocorreu em 30 de maio. Uma data para a exumação ainda não foi marcada. Médico afastado e sindicância no Conselho de Medicina Na última segunda-feira (2), a família foi informada pelo hospital que, uma semana após a morte de Kauany, o médico responsável pelo parto "afastou-se de suas atividades de forma voluntária e de comum acordo com a instituição, para que a apuração pudesse ocorrer com total isenção". Em paralelo à apuração do hospital, o Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) instaurou uma sindicância para apurar o caso. O órgão não divulgou detalhes porque "corre em sigilo por força de lei", mas disse que tem 180 dias para ser concluído e pode resultar em um processo ético-profissional. O que diz o Hospital de Sapiranga "O Hospital Sapiranga, com imenso pesar e respeito, se solidariza com a família da paciente Kauany Ventura de Vargas, cuja perda precoce a todos entristece profundamente, e, em nome de toda a sua equipe médica, assistencial e istrativa, expressa seu apoio e acolhimento neste momento de imensurável dor. Sabe-se que nada pode amenizar a dor dessa perda. Contudo, além de sua solidariedade à família de Kauany, o Hospital Sapiranga vem fazendo tudo que está ao seu alcance para esclarecer cada ponto, sendo que desde o início mantém uma postura ativa de escuta, cuidado e empatia com os familiares, prestando todo apoio emocional e psicológico. E diante desse triste episódio, julgou essencial apresentar à sociedade, com máxima transparência, responsabilidade e sensibilidade, alguns esclarecimentos: 1. O que aconteceu. Kauany foi itida na instituição para realização de parto, sendo a via cesariana uma escolha discutida com a equipe médica, formalizada em termo de consentimento livre e esclarecido, assinado pela paciente e responsável. O procedimento foi realizado de forma tecnicamente adequada, por equipe especializada, dentro do tempo recomendado pelas diretrizes obstétricas para casos não emergenciais. A paciente recebeu alta hospitalar dois dias após o parto, sem sinais de intercorrências clínicas. No entanto, alguns dias após a alta, retornou ao hospital apresentando sintomas compatíveis com quadro infeccioso, que evoluíram progressivamente, culminando em uma infecção uterina grave. Diante dessa evolução do quadro, foram adotadas todas as condutas cabíveis: nova internação, ajustes terapêuticos com antibióticos de amplo espectro, exames de imagem, cirurgia de urgência e e intensivo em unidade de terapia intensiva. Ainda assim, apesar dos esforços institucionais e da atuação dedicada das equipes assistenciais, a paciente evoluiu para um quadro de sepse grave, indo a óbito. É importante esclarecer que infecções são riscos inerentes a qualquer procedimento cirúrgico, mesmo quando realizados com excelência técnica. Embora todos os cuidados preventivos tenham sido adotados, não foi possível identificar um fator único e determinante para a infecção uterina. Após análise minuciosa do prontuário e condutas adotadas, o Hospital Sapiranga compreende que a trajetória clínica seguiu parâmetros técnicos adequados. Ainda assim, reconhece a importância de constante revisão e aprimoramento dos processos, o que vem sendo conduzido com seriedade e responsabilidade. 2. Registro incorreto do nome do procedimento no prontuário. A respeito da inconsistência na documentação médica que apontava indevidamente a realização de um procedimento de esterilização (ligadura tubária) sem consentimento, garante que isso não ocorreu, decorrendo o nome incorreto do procedimento de equívoco provocado, possivelmente, por uma seleção automática indevida nos campos de texto pré-formatado disponíveis no sistema eletrônico. Pedimos desculpas públicas à família por esse erro material quando da seleção do nome do procedimento, reiterando que o prontuário constitui um documento essencial para garantir a clareza, confiança e dignidade no cuidado do paciente, entendendo que esse lamentável equívoco contribuiu para gerar dúvidas e sofrimento adicional à família. Como ação imediata foi: (a) iniciada uma revisão de todos os protocolos do sistema de registros; (b) implantada uma segunda etapa de confirmação das informações assistenciais lançadas nos documentos. 3. Ações já realizadas e outras iniciativas que serão implementadas: • O profissional envolvido afastou-se de suas atividades de forma voluntária e de comum acordo com a instituição, para que a apuração pudesse ocorrer com total isenção; • Reforçados os treinamentos internos sobre escuta ativa de sinais de dor e desconforto, implantação de escalonamento, o que será incorporado aos ciclos contínuos de educação médica; • Intensificadas as auditorias clínicas e revisões de casos de risco em comitês multiprofissionais; • Estabelecido canal direto com a família para prestar acompanhamento contínuo e responder dúvidas futuras. • Realizada apuração interna com apoio da direção, equipe médica e assessoria técnica. • Colaboração com as autoridades competentes para o total esclarecimento dos fatos. 4. Compromisso permanente com segurança e transparência Nosso compromisso institucional permanente com a segurança do paciente. Trata-se de uma instituição acreditada no Nível 2 pela Organização Nacional de Acreditação (ONA), reconhecimento que reafirma sua atuação comprometida com qualidade, gestão integrada e melhoria contínua. Desde o início, o Hospital Sapiranga tem buscado agir com humanidade, empatia e respeito à dor dos familiares. A equipe de Experiência do Paciente mantém contato direto com a família, promovendo escuta ativa, esclarecimento de dúvidas e apoio emocional. Foi oferecido acompanhamento psicológico aos familiares, assim como atendimento pediátrico para a criança recém-nascida, medida tomada independentemente de qualquer apuração de responsabilidades, por entender que o cuidado não termina no tratamento clínico, mas se estende à dignidade humana em todas as suas dimensões. Apesar do cumprimento técnico dos protocolos aplicáveis, o Hospital Sapiranga reconhece que essa fatalidade exige mais do que justificativas. Ela exige humildade, escuta e transformação, e, por isso, reafirma seu compromisso inegociável com a segurança do paciente, com o acolhimento das famílias e com a ética em cada conduta profissional. Direção Técnica e Executiva Hospital Sapiranga Sapiranga, 02 junho de 2025". VÍDEOS: Tudo sobre o RS

FONTE: https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2025/06/04/adolescente-de-16-anos-morre-uma-semana-apos-cesariana-em-hospital-no-rs-policia-investiga-suposta-negligencia.ghtml


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